7 de janeiro de 2011

Entrevista

"No meu tempo jogava-se com mais garra e amor à camisola"

Joaquim Magalhães, (o terceiro na fila de baixo) capitão da AD "Os Limianos"

Na comemoração dos 58 anos da AD “Os Limianos” fomos falar com um antigo jogador do clube, Joaquim Magalhães. Joaquim Magalhães (ou Quim como é mais conhecido) tem 51 anos e é natural de Ponte de Lima, tendo começado a praticar futebol nas camadas jovens do Limianos e vestido a camisola roxa e amarela na década de 80, conquistando, ainda no escalão de juniores, o título distrital e ainda o 1º título de campeão distrital de seniores da AF Viana Castelo da história do clube na época 84/85. Durante a sua carreira passou ainda pela Correlhã e pelo Formariz onde venceu um título distrital.

"Desporto em Ponte de Lima – Muita gente fala que passou ao lado de uma grande carreira futebolística. A que se deveu esse facto?

Joaquim Magalhães: Penso que naquele tempo não havia tantas oportunidades e condições como há agora, e daí muitos dos atletas acabarem muito cedo de jogar. Nos dias de hoje há muitos clubes no concelho e mais possibilidades de jogar e ir mais longe, enquanto antigamente, praticamente só havia dois ou três clubes.

DPL – Sente que se nascesse nesta época, a história poderia ter sido outra?

JM: Sim, porque as condições que há hoje em dia são melhores, e com a minha vontade e força interior que tinha de jogar futebol, talvez fosse mais longe. Mesmo assim fiquei bastante contente por ter chegado onde cheguei e deixado a minha marca nos clubes onde joguei.

DPL – Actualmente, as condições para a prática do futebol são fantásticas. Por no passado não haver essas mesmas condições, acha que se faziam jogadores mais “duros” e com mais garra?

JM: Acho que os jogadores no meu tempo jogavam com mais garra e com mais amor à camisola. A meu ver, talvez se devesse ao facto de haver mais jogadores da terra, formados no clube e de se conhecerem melhor uns aos outros. Mas também acho que se trabalhava mais duro devido às condições que havia nos clubes (o relvado pelado com muita água e lama, as próprias chuteiras e as bolas). No entanto não quero com isto dizer que hoje em dia não se trabalhe no duro e com amor à camisola, simplesmente no passado havia mais jogadores a fazê-lo.

DPL – Falando agora do Limianos. Qual a principal diferença que nota no clube desde à 30 anos atrás?

JM: Hoje está tudo melhor no clube. As condições são bem melhores para os atletas, para as próprias pessoas que assistem aos jogos e para a imprensa. Outra diferença é a organização do clube que é bem melhor que no passado.

DPL – Qual a sua melhor recordação do tempo que teve no Limianos? E qual a pior?

JM: A melhor recordação foi ser campeão distrital de juniores na época 76/77 e também ter sido campeão distrital em 84/85 pelos seniores e ter subido à 3ª divisão nacional. Além dessas duas conquistas, outra foi o jogo frente ao Belenenses (que na altura estava na 1ª divisão e é o clube do meu pai) para a Taça de Portugal em que perdemos 2-1 após prolongamento.

A pior recordação, foi quando descemos da 3ª divisão para os distritais e foi a maneira como saí do clube, que me deixou um pouco magoado. No entanto saí consciente que deixei uma boa imagem minha no clube.

DPL – Esteve na equipa que ganhou o primeiro título distrital de seniores, e por isso faz parte da história do clube. Foi especial por ter sido campeão com o clube da terra?

JM: Foi muito especial para mim fazer parte da história do clube e ter sido campeão com o clube da minha terra e que me formou como jogador, e quero desde já agradecer a essas pessoas, dirigentes, treinadores, massagistas e colegas por essa conquista. No entanto tenho que agradecer a uma pessoa em especial, sem desconsiderar as restantes, que foi um grande campeão entre os campeões, o Sr. José Vieira que sempre nos acompanhou nas boas e más horas que passamos. Desde já muito obrigado a todos.

DPL – Na altura em que o clube esteve em dificuldades, temeu pela extinção do clube, ou sempre confiou na sua recuperação.

JM: Sim temi, porque nessa altura o clube fazia 50 anos de vida e cheguei a temer que poderia acabar nesse ano. Mas só tenho que agradecer às pessoas que pegaram no clube porque fizeram um grande trabalho e porque devolveram a vida a este clube.

DPL – Se tivesse que escolher o seu onze ideal com quem jogou no Limianos, qual seria? E da história do clube?

JM: Esta é das perguntas mais difíceis, mas vou fazer os possíveis para fazer o melhor onze de cada.

Com quem joguei: João Carlos (Capacete), Quim, Marinheiro, Aprígio Ferraz, Persona, Mendes, Brandão, Betinho, Nuno, Cerqueira e Pinté.

Do clube: Néu Caçador, Bitotas, José Maria, Luís Vieira, João Pimenta, Acácio Pimenta, Barão, Massadinhas, Franklin, Malheirinho e Toninho

DPL – Qual o treinador que mais o marcou no Limianos?

JM: Apesar de ter tido vários treinadores como o Sr. José Pinto, Virgílio Gomes, Catrina, Cunha, entre outros, o que mais me marcou foi o Sr. Fernando Azevedo por ser o treinador que me lançou na 3ª divisão e por ter feito a estreia no jogo da Taça de Portugal contra o Belenenses. Mas desde já agradeço a todos eles por me terem ensinado aquilo que sei.

DPL – Por último, que conselho daria a um jovem que se está a iniciar agora na prática de futebol no Limianos?

JM: O conselho que dou a um jovem que se está a iniciar no futebol é que seja humilde, dedicado e batalhe por aquilo que goste, não esquecendo os estudos que também são muito importantes nos dias que correm.

Para terminar gostava de agradecer ao blogue “Desporto em Ponte de Lima” por esta entrevista. Bom ano de 2011 a todos."

O blogue "Desporto em Ponte de Lima" agradece ao Sr. Joaquim Magalhães por ter aceite fazer a entrevista ao blogue e pelo tempo que disponibilizou na realização da mesma.

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